Jornal AÇÃO
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Jul-Ago/2017
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CONFIAR?
possuem do Brasil de hoje”, analisa Valdir Pucci.
O especialista acredita ainda que a atual crise
política pode ser umdivisor de águas para a sociedade
brasileira, assim como o momento é propício para
uma inflexão da Nação. “Ou sairemos um país mais
institucionalizado em boas práticas políticas ou então
não teremos outra chance tão boa quanto essa para
revisar o Brasil que queremos. A médio e longo prazo,
acredito que o resultado final será positivo ao país. A
curto prazo, acredito que a crise tende a continuar”,
diz Pucci.
A CORRUPÇÃO E O OUTRO
A corrupção pode estar embutida na população já de
tempos longínquos, com ações que desencadearam
uma cultura de desmandos desde a época do Império
até os dias de hoje. Entretanto, embora o “jeitinho
brasileiro” dê impressão de que o problema no Brasil
é cultural, trata-se na verdade de corrupção – falta
de controle, de prestação de contas, de punição e de
cumprimento das leis.
Valdir Pucci define a corrupção como o ato de
levar vantagem em algo de forma desonesta, agindo
de maneira contrária às leis e à moral da sociedade.
“Corrupção é qualquer ato contrário à coletividade. A
corrupção não se faz por valor, mas por ato. Roubar
R$ 1 milhão da saúde é um ato tão corrupto quanto
oferecer uma cervejinha para o guarda não multar seu
carro que está com os documentos vencidos”, enfatiza.
Em algum momento da vida, qualquer pessoa
pode ter-se envolvido com práticas corruptas. Dados
da pesquisa do Instituto ETCO revelam como atitudes
corriqueiras de corrupção tornam-se presentes no
cotidiano e pouco incomodam a população. De
acordo com a pesquisa, 63% dos jovens entrevistados
afirmam que buscam ser éticos na maioria das vezes
em seu dia a dia. No entanto, 52% compram produtos
Precisamos refletir
sobre nossas atitudes
diárias em nossas
famílias, na criação de
nossos filhos e, acima
disso, precisamos
mostrar bons exemplos,
fazer o bem, ser pessoas
honestas.
EDSON LUIZ VISMONA
Advogado, presidente do Instituto Brasileiro de
Ética Concorrencial (ETCO), do Fórum Nacional
contra a Pirataria e Ilegalidade e da Associação
Brasileira de Ouvidores/Ombudsman, foi
secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania
do Estado de São Paulo (2000-2002) e secretário
nacional da Reforma Agrária do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (2002).
Confira as entrevistas com os cientistas políticos no
site
da ANABB
(www.anabb.org.br)