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Jan-Fev/2015
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Jornal AÇÃO
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
SÓ QUANDO O
POÇO SECA?!
Por Álvaro Modernell, especialista em Educação Financeira e Previdenciária
As notícias dos últimos tempos sobre a situação das
reservas de água em certas regiões brasileiras são, no
mínimo, preocupantes. Escassez, medo de raciona-
mento, reflexos na produção de energia, falta d’água
em bairros e cidades inteiras. A falta do líquido precio-
so, ainda tratado como banalidade por muita gente,
afeta a rotina de fábricas, empresas, lares e comuni-
dades. E quanto mais escassa, mais preciosa será a
água, como reza a lei da oferta e da procura. Por outro
lado, não muito longe de locais com risco de falta de
água, há alagamentos, cheias, desmoronamentos, pro-
vocados pelo excesso ou pela incapacidade de escoa-
mento adequado das águas das chuvas.
Há quem nomeie culpados, de São Pedro a políti-
cos! Mas pouca gente assume que poderia ter con-
tribuído mais para evitar essa situação.
Poderia, e
ainda pode.
É mais cômodo culpar os outros e espe-
rar uma solução, seja do acaso, seja por parte dos
mesmos supostos culpados – políticos ou santos.
Como se o lixo que cada um produz, a água que mui-
tos desperdiçam, a poluição que a sociedade gera,
a urbanização mal planejada, a permissividade com
desmatamentos distantes, a falta de cuidados com
praças e árvores próximas não fossem responsabili-
dade de todos nós. De cada um de nós.
Se desviarmos o rumo da prosa, como se desviam
o curso dos rios, vemos claramente que nas finanças
pessoais não é diferente. A maioria prefere procurar
culpados a soluções. Esperar ajuda a procurar saídas.
Reclamar, lamentar, em vez de agir, de ter atitudes.
Se formos sempre pelo mesmo caminho, chega-
remos sempre ao mesmo lugar, como nos ensina a
filosofia oriental. Quem quer melhorar sua situação
financeira, precisa, no mínimo, fazer sua parte. Pode
até reclamar da situação e do contexto geral, mas
tem de fazer algo.
Sobre as chuvas, é difícil interferir. Mas dá para re-
duzir o consumo de água e mudar hábitos. Sempre é
possível. Nas finanças, a mesma coisa. Ainda que se
fale em crise, em inflação, em retração nos investi-
mentos, sempre há margem para reduzir despesas e,
quem sabe, aumentar receitas. Citando novamente os
orientais, crise é um misto de riscos e oportunidades.
O cenário não é animador. Mas com limões tam-
bém se pode fazer limonada. O momento é oportuno
para nos colocarmos no mesmo barco que o Planeta,
já que parece que nem todos perceberam ainda que
o Planeta é nosso barco. Mudanças de hábito e ra-
cionalização do consumo de água, energia e outros
recursos naturais podem ajudar na sustentabilidade
do Planeta e, de quebra, auxiliar no orçamento do-
méstico. Típica relação ganha – ganha.
Se não for pelo Planeta, que seja pelo bolso. Se
não for pelo bolso, que seja pelo Planeta. O impor-
tante é buscarmos maneiras de reduzir o consumo
de água, energia e qualquer recurso natural, seja ele
renovável, seja ele não renovável.
O Planeta agradece. O bolso também.