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Jan-Fev/2017

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Jornal AÇÃO

HÁ UMA LUZ NO

O ano de 2017 começou com uma enxurrada de notí-

cias sobre rebeliões gigantescas em presídios do Norte e

doNordeste do país. Dezenas demortes empenitenciárias

do Amazonas, de Roraima e do Rio Grande do Norte mos-

traram ao Brasil e ao mundo que a falta de segurança não

está somente nas ruas, mas também dentro dos locais de

confinamento, onde os presos deveriam ser disciplinados

e reconstruídos moralmente para voltar à sociedade.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há no

Brasil mais de 700 mil presos cumprindo pena em regime

de encarceramento mais ou menos rígido. Com esse nú-

mero, o país possui a terceira maior população carcerária

do mundo. Em apenas 20 anos, houve aumento de 400%

de pessoas presas no país.

O CNJ afirma, em sua apresentação do projeto Cidada-

nia nos Presídios, que “o modelo de encarceramento que

praticamos, infelizmente, alimenta um ciclo de violências

que se projeta para toda a sociedade, reforçado por uma

ambiência degradante em estabelecimentos que pouco

ou minimamente estimulam qualquer proposta de trans-

formação daqueles que ali estão”.

Para o conselho, “o tratamento digno e com respeito

de presos é indício da civilização de uma sociedade e o

primeiro passo que se dá na tentativa de regenerar a vida

daqueles que um dia haverão de estar entre nós”.

EXPERIÊNCIA ANIMADORA

Mesmo diante da atual crise no sistema penitenciário,

existe o outro lado, com os exemplos positivos. Emmeio a

tantas rebeliões emortes comrequintes de selvageria, que

escancaram a terrível realidade do sistema carcerário bra-

sileiro, o Instituto VIVA CIDADANIA (IVC) constata que ainda

é possível encontrar outra realidade empoucos lugares. Alguns

projetos emexecução no país, junto à população prisional, mos-

tram que há uma luz no fim da cela.

O IVC é o braço da Associação Nacional dos Funcionários do

Banco do Brasil responsável exclusivamente pelas ações so-

ciais e tem o objetivo de contribuir para a reinserção social de

pessoas carentes e em situação de risco. Dessa forma, o insti-

tuto oferece apoio financeiro a diversos projetos, por meio do

programa Liberdade Responsável. Os recursos têm origem em

doação feita pelo associado aposentado do BB Oswaldo Gebler

para ajudar detentos que se encontram em vias de reconquis-

tar a liberdade. Os projetos aceitos nessa categoria devem ter o

objetivo de ressocializar jovens que cumprem medidas socioe-

ducativas ou adultos que cumprem penas em espaços alterna-

tivos, penitenciárias ou presídios.

Nesse sentido, o IVC firmou convênio de cooperação finan-

ceira, no dia 5 de janeiro, com a Associação Cultural e Desen-

volvimento do Apenado e Egresso (Acuda), uma organização

não governamental (ONG) estabelecida em Porto Velho (RO). A

associação trabalha com detentos há mais de 16 anos, promo-

vendo oficinas profissionalizantes, como os cursos demecânica

básica para automóveis, marcenaria, artesanato emargila, tear

e pintura em cerâmica, além de hortifrutigranjeiro e inclusão di-

gital. Os cursos proporcionam ocupação e aprendizagem aos

presos que cumprem pena em regime fechado e semiaberto.

Por meio dos projetos sociais executados pela Acuda, mais

de 3 mil presidiários do regime fechado já foram capacitados e

receberam atendimento psicossocial, capacitação profissional

e ainda passaram por terapias complementares, como Reiki,

meditação, banho de argila e ervas medicinais, yoga, música

clássica, terapia familiar, Gestalt e massagem ayurvédica. Os

detentos têmaprendido a receber e aplicar massagemuns nos

A triste realidade dos grandes presídios brasileiros mostrada pela imprensa no

início de 2017 ofusca iniciativas isoladas que estão dando certo em raros locais

onde presos conseguem ser ressocializados, como é o caso do projeto Acuda,

desenvolvido com detentos dos presídios de Porto Velho

Por Godofredo Couto

CIDADANIA

Terapia

Meditação e Ioga

Trabalho terapêutico com argila

Oficina de teatro

Oficina de marc