Jornal AÇÃO
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Set-Out/2013
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CARTA DO PRESIDENTE
sitivos da Resolução CGPC nº 26/2008 que permitem
a repartição de
superávits
com patrocinadores. A lei só
permite que o
superávit
seja utilizado para melhorar be-
nefícios ou reduzir contribuições. E só quem pode rece-
ber benefícios são assistidos ou pensionistas. Por isso,
apoiamos projetos de lei que tramitam no Congresso e
procuram corrigir essas distorções.
No caso do BET, a realidade está posta. Não temmá-
gica possível. No contexto, tem legislação e tem poder
político. Todo o funcionalismo unido já teria enorme difi-
culdade para mudar o cenário. Se a gente estiver dividi-
do, as coisas ficam ainda mais difíceis.
Sabemos que tem eleições na Previ em 2014. E,
sejamos sinceros, interesses eleitorais impactam a atu-
ação de muitos de nós. Há questões que interessam
mais à situação e outras mais à oposição. Mas há fato-
res que, parece, unem todos. Um deles é o interesse na
manutenção do BET e na suspensão das contribuições.
Quem, de sã consciência, poderia desejar o fim do
BET? A situação, a oposição na Previ? O que ganhariam
com isso? Quem teria vantagem coma volta das contribui-
ções? Tudo indica que nem dirigentes da Previ (que teriam
diminuição de renda pessoal e impactos eleitorais a admi-
nistrar), nemoBB (que voltariaa contribuir), nemo governo
(que teria mais um fator de estresse para contaminar as
eleições presidenciais de 2014) teriam vantagens.
Por tudo isso, há espaço enorme de interesses legíti-
mos em comum que podemos tratar com a união de es-
forços. Há propostas a serem elaboradas e analisadas,
negociações políticas e institucionais a serem feitas.
Se conseguirmos superar os interesses de pequenos
grupos e trabalhar com um senso coletivo mais apura-
do, nossas chances de conquistar melhores resultados
aumentam. Por outro lado, se optarmos por tentar tirar
proveito pessoal ou grupal da situação, certamente a re-
alidade nos engolirá.
A ANABB continua fazendo tudo o que está a seu al-
cance para encontrar as melhores soluções ao funcio-
nalismo do BB. Temos inclusive um Grupo de Assesso-
ramento Temático (GAT) chamado Previ – Plano 1, de
cujo trabalho estamos nos valendo para estudar com
maior profundidade essas questões. Contamos com o
engajamento crítico de nossos associados para chegar
aos melhores resultados. Boa leitura a todos!
Em comunicação, existem estratégias refinadas de
manipulação. Elas incluem desde técnicas sublimina-
res até recursos mais simplórios. Um deles consiste em
dar a falsa impressão de que o “inimigo”, caso adotasse
decisão diferente da que tomou, seria elogiado. Na prá-
tica, qualquer que seja a escolha, a crítica é impiedosa.
Querem ver como funciona?
1.
BB e o lucro:
a) se der lucro, fale: é um absurdo
um banco do governo explorar os trabalhado-
res; o lucro dos bancos é imoral; os altos juros
fomentam a inflação; b) se der prejuízo ou lucro
menor que o dos bancos privados, diga: isso é
prova da ineficiência estatal; o que salva o país
é a iniciativa privada.
2.
A visita de Dilma a Obama depois da espiona-
gem:
a) se mantiver a visita agendada, fale: isso
é coisa de capacho, de país subdesenvolvido;
falta atitude à diplomacia brasileira; Dilma é fra-
ca; o Brasil não tem vergonha na cara; b) se can-
celar a visita, diga: Dilma é arrogante; a atitude
é eleitoreira e não vai levar a nada; o Itamaraty
é ideologizado.
Esse joguinho é muito fácil de fazer. Pode ser usado
no trabalho e até nas relações afetivas. E pode, inclu-
sive, ser utilizado para debater a questão do Benefício
Especial Temporário (BET), que vem sendo pago pela
Previ. Se os dirigentes do fundo alertam para a possibili-
dade de fim de pagamento do benefício, podemos acu-
sá-los de insensibilidade, de menosprezo à vida financei-
ra dos participantes, de tentativa de semear dificuldade
fictícia para depois vender a facilidade – manutenção do
BET – com ganhos eleitorais. No sentido contrário, se a
Previ não falar sobre o tema, podemos denunciar que os
dirigentes irresponsáveis esconderama verdade dos par-
ticipantes, que há interesses eleitorais mal disfarçados.
O fato é que as evidências levam a crer que a possibili-
dade de o BET acabar é grande. Os recursos estão separa-
dos em um fundo especial para o pagamento deste bene-
fício e, quando o dinheiro acabar, amargemdemanobra é
muito pequena e está cercada de amarras legais.
Podemos e devemos refletir que isso só está aconte-
cendo porque repartimos o
superávit
existente na épo-
ca com o BB. A ANABB já se posicionou em diversos
momentos sobre isso: é radicalmente contra os dispo-
CRÔNICA DE
UMA MORTE
ANUNCIADA?
Sergio Riede – Presidente da ANABB
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