Jornal AÇÃO
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Set-Out/2013
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As crianças podem receber mesada para arrumar seu
quarto ou ajudar em casa?
Não. A mesada, por princípio, não deve exigir con-
trapartida em atividades. Aí vira salário ou honorário.
Arrumar o próprio quarto, cuidar dos próprios bens ou
do material escolar são obrigações das crianças que po-
dem ou não ser dispensadas, mas jamais devem ser re-
muneradas. Assim como tirar a própria louça da mesa,
guardar seus brinquedos, dar banho em seu cachorro
ou coisa parecida. Porém, na família, podem ser combi-
nadas regras, segundo as quais as crianças assumam
eventualmente algumas responsabilidades que não se-
jam naturalmente delas em troca de pequena remune-
ração. Mas isso não deve ter relação com a mesada.
Também não se trata de educação financeira; tem rela-
ção com empreendedorismo, algo saudável, a meu ver.
Para adolescentes, a regra é outra.
Qual o valor adequado da mesada?
Não existemboas regras para
isso. Os pais devem conhecer a
rotina dos filhos e respeitar o
orçamento da família. O ideal é
conversar com os pais dos co-
leguinhas mais próximos para
que todos recebam valores pa-
recidos. Na dúvida entre um
valor maior ou menor, escolha o
menor. A escassez ensina mais
do que a abundância. Acompa-
nhar o uso é fundamental. Em
dois ou três meses, é possível
descobrir se o valor está ade-
quado ou se precisa ser calibra-
do. A mesada jamais deve com-
prometer o orçamento familiar.
Meu filho gasta toda a mesada
e não poupa nada. Isso é pro-
blema?
De certa forma, sim. O ideal
é que se acostume a poupar,
acumular e investir desde cedo
pelo menos uma parte de tudo
o que ganha, inclusive da mesa-
da. Avalie o valor e os gastos. In-
centive-o a poupar pelo menos
uma parte.
Meu filho não gasta nada e
guarda toda a mesada. Isso é
bom?
Merece atenção. Se está fa-
zendo isso com algum objetivo
específico e por algum tempo,
não há problema. Mas se o faz
por apego ao dinheiro, isso não
é saudável. O ideal é gastar
uma parte e guardar outra.
Meu filho está juntando dinheiro para comprar algo,
mas a mesada não alcança o valor necessário. Posso
complementar?
Claro! O importante é perceber que houve compromis-
so e esforço durante certo tempo para se aproximar do
objetivo. Se puder ajudar, por que não? Sendo amesada
um dos principais instrumentos de educação financeira
ao qual as crianças têm acesso, deve ser dada especial
atenção a seu bom uso. Não basta colocar dinheiro nas
mãos das crianças. Elas devem também receber orien-
tações e educação financeira de maneira ampla. Com
o uso da mesada, vão experimentar limites, prazeres,
frustrações, conquistas. Vão cometer erros, fazer acer-
tos. Vão vivenciar situações que contribuem para apren-
der a bem administrar suas finanças no futuro. E bem
sabemos: se é bom para nossos filhos, é bom para nós.
Prosperidade a todos!
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