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Jornal AÇÃO
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Jan-Fev-Mar/2012
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fazia hidroginástica, Kennon fazia natação com outros pais
e também participava de toda a gestação. “Meu marido é
muito legal. Ele me ajuda muito e me dá muito apoio”, con-
ta Patrícia. “Quando a Victoria nasceu, ele tirou férias, por-
que os pais só têm cinco dias de licença e é muito pouco”,
completa. Para a escritora Laura Gutman, o apoio paterno
“refere-se à proteção e ao cuidado que o pai deve destinar à
mãe para que ela possa desempenhar seu papel materno”.
A psicóloga Clara Goldmanm exemplifica esse conceito com
a amamentação: “a mãe vai precisar do apoio, do carinho,
do acompanhamento do pai. Isso porque a amamentação
não é uma tarefa fácil, é exclusiva, de suma importância e
não precisa ser uma atividade solitária da mãe”.
VOLTA À ROTINA
A psicopedagoga Laura Gutman, observando e atenden-
do centenas de mães, percebeu que ocorre uma fusão emo-
cional entre mãe e bebê, que depois é desfeita. “As mulhe-
res se veem fora do mundo concreto, mas com a obrigação
de continuar funcionando de acordo com as regras”, escre-
ve. Em um primeiro momento, as mães deixam para trás
trabalho, amizades, interesses pessoais. Mas, terminada a
licença maternidade, elas precisam voltar à rotina.
O que a maioria das mães relata é o que Patrícia sentiu
no momento de retomar sua vida profissional. “Sei que te-
nho de voltar ao trabalho e não tem jeito. Não vou relutar,
mas fiquei muito triste.” Mesmo planejando tudo, Patrícia
vivenciou o que Gutman descreve em seu livro. A mãe esco-
lheu e preparou a babá, organizou-se para deixar o leite do
bebê separado, mas, na noite anterior à volta ao trabalho,
não dormiu nada. Neste caso, a compreensão do chefe faci-
litando um horário mais flexível pode ser uma saída.
Outra saída, na verdade a mais importante segundo os
terapeutas familiares, é a cumplicidade dos pais. Depois
que nasce um filho, tudo muda na vida do casal. A psicóloga
Clara Goldmanm ressalta que “não se pode pensar na che-
gada do bebê como dificuldades que vêm pela frente, mas
sim como ajustes que precisam ser feitos”. Patrícia acres-
centa que “o casal precisa estar muito bem porque muda
tudo, a rotina, o tempo. Agora existe outra pessoa, além da
gente”, relata. Patrícia sempre se lembra do que o pediatra
lhe disse uma vez: “agora Victoria é a companheira de vo-
cês. Por isso, ela tem de ir aonde vocês forem”.
Pensando nisso, eles descobriram uma opção para ca-
sais com bebês, o Cine Materna (www.cinematerna.org.
br). São sessões de cinema, em horários especiais e que
recebem apenas casais com bebês até 18 meses. A sala de
cinema tem a luz e o som adequados para o bebê, além de
trocadores de fraldas. É um projeto que ocorre em diversas
cidades brasileiras e com apoio de grandes empresas. “É
ótimo. Nossa bebê dormiu durante todo o filme, mas nós
ficamos juntos”, concluiu.
Opções como essa são excelentes para os casais que
estão começando uma nova família. A chegada dos filhos
muda toda a rotina e pode desequilibrar a relação do casal
ou o emocional de um dos dois. Então, a dica de muitos psi-
cólogos é que o casal não deixe as dificuldades ou o grande
número de tarefas tomarem conta de todo o seu tempo. O
surgimento da família é algo especial que deve ser cultivado
e celebrado todos os dias.
Foto: Arquivo Pessoal
Patrícia Vaccaro e Kennon Rodrigues: planejamento para a chegada da filha