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Jan-Fev-Mar/2012
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Jornal AÇÃO
MUDANÇAS PELA FRENTE:
UMA NOVA VIDA INICIA
O contexto social de hoje exige dos casais, principalmente das mães, uma adap-
tação rápida ao mundo do trabalho e à nova rotinamaterna
Por Naitê Almeida
A chegada dos filhos é uma celebração para toda a fa-
mília. Também é um momento de grandes mudanças que
envolvem a rotina familiar, a relação do casal e mesmo o
posicionamento na sociedade e no mercado de trabalho.
Hoje ter filhos deixou de ser uma obrigação familiar e pas-
sou a ser uma escolha de vida. Muitos casais optam por não
ter filhos ou adiam a chegada dos pequenos por causa da
situação econômica ou da carreira. Dados do Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o per-
centual de registros de nascimentos de mães com 30 anos
ou mais subiu de 23,3%, em
2000, para 28,2%, em 2010.
No mesmo período, o percen-
tual de registro de mães com
idade inferior a 25 anos caiu
de 52,5% para 45,9%.
As estatísticas mostram
que as mulheres estão espe-
rando mais tempo para ter o
primeiro filho e muitos pes-
quisadores justificam essa
decisão com o contexto social
e econômico atual. Hoje os es-
tudos e a carreira profissional
passaram a ser prioridade na
vida de muitas mulheres. A gravidez tem sido adiada, mas
não deixa de ser planejada.
Para os casais que decidem ter filhos, além de questões
práticas, como preparar o quartinho do bebê, fazer exames
de pré-natal, entre outras, é necessário preparar-se para
uma nova fase: o equilíbrio emocional da família. A psico-
pedagoga argentina Laura Gutman, especializada em tra-
tamento de casais e amamentação, aborda em seu livro
A
maternidade e o encontro com a própria sombra
a impor-
tância desse equilíbrio e da chegada de um filho como um
momento único de descoberta da própria mãe. A autora de-
fende que, durante os primeiros dois anos de vida, os bebês
refletem as emoções e os sentimentos inconscientes das
mães. Por isso, é um período de autoconhecimento materno.
“O filho é o reflexo da sombra da mãe”, escreve Gutman.
Segundo a doutora Clara Goldmanm, vice-presidente do
Conselho Federal de Psicologia, existem dois bebês: o ima-
ginário, que está na barriga da mãe e que é fácil de esperar,
e o real, o bebê que nasce, que precisa de mais atenção do
que quando estava na barriga. Por isso, a psicóloga explica
que os pais precisam conhecer e se adaptar aos ciclos dos
filhos. “A decisão de ter um bebê influencia em toda a rotina
e nos hábitos do casal. Por isso, eles precisam se preparar
para esse nível de transforma-
ção”, comenta.
Foi o que o casal de funcio-
nários do BB, Patrícia Vaccaro e
Kennon Rodrigues, casados há
quatro anos, fizeram para espe-
rar a chegada de Victoria, hoje
com sete meses. “Tiramos férias
e fomos fazer um curso de inglês
na Irlanda. Decidimos que na vol-
ta iríamos engravidar. E foi o que
aconteceu”, conta Patrícia.
Com a preparação, Patrícia e
Kennon também decidiram parti-
cipar de um programa que ofere-
ce exercícios específicos para grávidas, como hidroginástica
e pilates, e palestras de preparação para a espera e os pri-
meiros cuidados com o filho. “Quem nunca teve um filho não
faz ideia, não sabe como cuidar. O projeto foi ótimo porque
quando a Victoria nasceu a gente já sabia muita coisa, como
dar o banho. Isso porque, antes de ela nascer, tínhamos
treinado o banho com uma boneca”, relata Patrícia. O mais
interessante, no entanto, foi a convivência com outros pais.
“Isso nos ajudou muito, porque a gente conversava, tirava
dúvidas e compartilhava questões com pessoas que esta-
vam vivendo a mesma situação”, explica a bancária.
O apoio do pai é essencial tanto na gravidez quanto após
o nascimento do bebê. Ao mesmo tempo que a esposa
COMPORTAMENTO
A psicopedagoga argentina
Laura Gutman, especializada
em tratamento de casais e
amamentação, aborda em seu livro
A maternidade e o encontro com
a própria sombra
a importância
do equilíbrio e da chegada de um
filho como um momento único de
descoberta da própria mãe