Jornal Ação 250

14 | Mai-Jun/2018 | Jornal AÇÃO ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS Há quem diga que o brasileiro não sabe votar. Mas também há quem diga que o problema maior é a falta de opções para votar. Sem entrar no mérito da questão, o fato é que o povo, cansado de acompanhar casos de corrupção sendo noticiados, pede renovação na política. No entanto, o cenário não é muito favorável para isso. Um levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta um número recorde de deputados federais que pretendem concorrer à reeleição. A pesquisa realizada junto aos parlamentares mostra que, dos 513 deputados, somente 33 já decidiram não tentar a recondução. Diante desse cenário, como promover a renovação política? Como o cidadão comum pode atuar e participar do processo eleitoral? Na opinião do analista político e diretor de Documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, não apenas o número de candidatos à reeleição será maior, como a renovação tende a ser bem menor que nas eleições anteriores, especialmente porque os atuais deputados dispõem de várias vantagens em relação a pessoas que estão fora de mandato. “São várias as razões para o aumento no número de candidatos à reeleição: primeiro, a necessidade de O cenário de descrença dos brasileiros em relação aos políticos do país abre uma discussão sobre a entrada de novos candidatos para concorrer aos pleitos eleitorais. No entanto, mesmo que a sociedade clame por mudanças, especialistas indicam que são fortes as barreiras para a renovação POLÍTICA: É HORA DE RENOVAR fórum privilegiado para fugir de eventuais punições pela prática do crime de caixa 2 e outros crimes nas campanhas anteriores. Segundo, a janela para mudança de partidos nos seis meses que antecedem à eleição dá ao detentor de mandato e candidato à reeleição enorme vantagem para negociar tratamento privilegiado em seu partido. Terceiro, houve redução de 90 para 45 dias do tempo de campanha eleitoral, facilitando a vida desses candidatos, que têm nome conhecido e serviços prestados. Por fim, o detentor de mandato dispõe de uma série de outras vantagens em relação a quem aspira ocupar seu lugar”, analisa Antônio de Queiroz. Essas mesmas razões apontadas pelo analista político como motivos para os atuais parlamentares pleitearem a recondução aos cargos são os principais entraves para a entrada de novos nomes no cenário político brasileiro. “O parlamentar disputa o mandato no exercício, tem bases eleitorais consolidadas, tem cabos eleitorais fidelizados e dispõe de recursos e meios para angariar apoio, como emendas individuais, quotas ou verbas de gabinetes, poder e prestígio, além de maior acesso aos veículos de comunicação”, diz Queiroz, que ressalta ainda que “o desgaste dos atuais detentores de mandato certamente diminuirá o número de votos, mas não terá o poder de evitar a reeleição”.

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